O município de Oriximiná (PA) vive no mês de agosto a festa do padroeiro Santo Antônio. É círio outra vez! E essa frase, para quem não é paraense, talvez não faça muito sentido. A compreensão dessa religiosidade através das festas católicas só pode ser traduzida individualmente, é experiência mesmo. Mas acima de tudo, um espetáculo multicolorido que encanta os visitantes.
Sou oriximinaense, criado na Rua Emídio Martins, ex-aluno do Colégio Santa Maria Goretti e mesmo tão familiarizado com todas as tradições da cidade, ainda me pego emocionado todas as vezes que ouço o hino da festa e vejo os fogos de artificio iluminando o Rio Trombetas no primeiro domingo de agosto. É uma sensação de “estar em casa”, cercado pelos amigos, família e gente de todos os lugares que demonstram fé.
A igreja ganha bandeirinhas coloridas saindo da torre. A praça é ornamentada com pompa e circunstância, um trabalho de artistas locais que se dedicam para todo ano sempre surpreender. O Cliper Santo Antônio, salão de festas da paróquia, também ganha decoração para receber a população durante os 15 dias de festa.
As senhorinhas da igreja, com as fitas vermelhas do Apostolado da Oração, os senhores vestindo branco e a berlinda artesanalmente adornada de flores, com o “Tonico” (para os íntimos), traduzem a maneira simplista como as coisas ainda são feitas por aqui. Há toda uma programação, organização e equipes trabalhando, mas essencialmente são nossas avós, tias e vizinhas que tocam o barco. E por falar em barcos, são eles que promovem o grande espetáculo. Para essa noite, ganham iluminação especial, alguns com efeitos surpreendentes, outros com uma série de lâmpadas interconectadas e improvisadas, mas que de longe, vistos da orla da cidade, transformam a escuridão num caminho de luz.
A balsa que conduz Santo Antônio lidera o cortejo. Nas águas, milhares de barquinhas, confeccionadas em peças de anhinga, com papel de seda e velas, formam uma “cidade” flutuante. Sou fascinado por esse cenário desde que era criança, já adulto, mesmo sabendo como é feito, ainda olho com a mesma admiração. Em Oriximiná, acontece algo belo, grandioso e posso arriscar, sem medo de errar, também divino. Afinal, a demonstração de fé das pessoas através do círio, faz você acreditar em algo. Mesmo que não seja religioso, existe uma força maior que no mínimo inspira.
A nossa Amazônia é um superlativo e as festas populares demonstram isso em atos. Há outros círios, como o de Nossa Senhora de Nazaré (Belém), o de Nossa Senhora da Conceição (Santarém) e o de Sant’Ana (Óbidos), todos tão emocionantes e grandiosos como o de Santo Antônio. E essa peculiaridade, a intimidade dos moradores com a tradição, nos faz ir muito além. Somos uma grande família! Afinal, círio para o paraense, é como se fosse natal, após a procissão há sempre comidas típicas, uma confraternização e, claro, o sonoro “feliz círio”. Mesmo assim, particularmente não consigo ainda dizer o que é tudo isso. Faltam-me palavras (acreditem)! Mas podem assistir na reportagem que produzi em 2012 para a Record News.
E essa emoção precisa ser compartilhada, por isso não deixe de conhecer Oriximiná e as festividades de Santo Antônio! Tenho absoluta certeza que a experiência será recompensadora! E oh, aproveite, faça um promessa que o santo é milagreiro!
Fábio Barbosa é Jornalista, Produtor de Eventos, Relações Públicas da ACES. Acadêmico de Gestão Pública e Desenvolvimento Regional na Ufopa. É idealizador dos projetos Amazônia Fashion Weekend e Caminhos da Floresta. Além de editor do Diário do FB.
Acesso o Blog: https://diariodofb.com/author/barbosa/
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