4 mil filhotes de quelônios foram soltos por moradores da APA Jará, em Juruti

"Para nós é muito gratificante, como comunitários, como pessoas que moram na APA Jará, fazer esse trabalho. E eu procuro fazer olhando para o futuro, pensando nas crianças, pois sou pai de cinco e sempre converso com eles sobre a importância de preservar essas espécies e a natureza. Conseguimos coletar quase 4.740 ovos e vamos soltar 3.950 filhotes, o que é uma vitória. A gente faz o trabalho, mas a vitória é da natureza”, afirma Jorge Guimarães, um dos responsáveis pela ação.

Cerca de 50 mil filhotes de tartarugas são soltos anualmente pelos jurutienses, conforme dados da Secretaria Municipal de Meio Ambiente.

Titular da pasta, Nayme Lopes explica que atualmente as ações acontecem em 35 comunidades com apoio da prefeitura por meio do Programa Manejo de Quelônios de Juruti. “Nosso papel é recrutar cada vez mais comunidades para o programa, fornecendo não só o conhecimento, mas os materiais necessários para as atividades. Além do acompanhamento técnico durante todas as etapas”, explica.

Plano de Manejo ajudará no desenvolvimento sustentável

A APA Jará também ganhou, neste sábado (11), o seu Plano de Manejo, publicação que conta a história do território, explica suas características e estabelece como ele pode ser conservado, usado e desenvolvido de forma sustentável, incluindo um plano de ação até 2026. Isso porque o local é uma unidade de conservação municipal da categoria de uso sustentável, que permite moradores e a utilização de seus recursos naturais, desde que respeitando a natureza.

“A criação dessa área protegida representou um grande marco para a política de conservação da biodiversidade e promoção do desenvolvimento sustentável na região amazônica, principalmente por abrigar quatro lagos com recursos pesqueiros fundamentais para a subsistência dos seus residentes: Jará, Tucunaré, Laguinho e Curumucuri. Além disso, por sua cobertura florestal e em regeneração, também contribui para a regulação do microclima local e oferece oportunidades para geração de renda a partir de produtos da sociobiodiversidade”, explicou Jakeline Pereira, pesquisadora do Imazon e uma das autoras do Plano de Manejo.

Já foram identificados na APA Jará, 230 espécies de animais e 119 de plantas, sendo algumas endêmicas, ou seja, que só existem na região. Já em relação aos moradores, atualmente residem cerca de 600 pessoas no território, de quatro comunidades: Santa Maria do Curumucuri, Bom Que Dói, Laguinho e Núcleo do Lago Tucunaré.

Essas pessoas participaram ativamente na construção do Plano de Manejo, que inclusive lista as demandas deles para a área. Conforme o documento, os residentes elencaram como prioridades a melhoria das estradas, do saneamento básico e do fornecimento de água potável.

“A APA Jará também está sobreposta a quatro assentamentos da reforma agrária, o que irá fortalecer a gestão territorial e ambiental dessas áreas, viabilizando projetos que beneficiarão seus moradores”, completa Jakeline.

Além disso, em seu entorno, o território beneficia diretamente 12,5 mil pessoas. E, devido ao alto potencial turístico, também pode impactar positivamente todo o Pará, principalmente com o desenvolvimento de projetos de Turismo Sustentável e de Base Comunitária.