Antes de chegar o dia de apresentar ao público seus grandes espetáculos na arena do Centro Cultural Povos da Amazônia, zona sul de Manaus, os grupos folclóricos passam por intensa preparação para garantir que suas apresentações encantem o público e os jurados, em um trabalho que muitas vezes se inicia um ano antes do espetáculo. Este ano não foi diferente afirmam as equipes que estão se apresentando no 66º Festival Folclórico do Amazonas, uma realização do Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Cultura e Economia Criativa.
Veromarcio Melo é diretor artístico da Dança Internacional Caxemira há duas décadas, e compartilhou um pouco sobre a dedicação de seu grupo, que este ano celebra 20 anos. “Nosso processo começa nove meses antes, como se fosse uma gestação. Lançamos vários temas para a coordenação e escolhemos um através de uma eleição”, conta o diretor artístico.
“A equipe de pesquisa revisita todos os detalhes para garantir a autenticidade da história. Após a pesquisa, o coreógrafo desenvolve a coreografia baseada na narrativa, integrando elementos do estilo Katak, que conta histórias através da dança”, explica Veromarcio.
Já para as preparações da da Dança Internacional Artística Caracalla, Rhandy Rouacchy, coreógrafo e pesquisador, revela o tema da apresentação deste ano, que aborda a seca e a falta de água. “A gente pega encargos da história do que estão acontecendo no nosso tempo atual, com os tempos antigos, junto com os tempos do país que a gente vai representar”, relata Rhandy.
“Este ano, a gente está trazendo um trabalho indiano, e aí a relevância desse trabalho é acerca da seca que teve, a falta da água, e é tudo isso que a gente queria contar no nosso espetáculo”, afirma o coreógrafo, acrescentando que foi feita uma pesquisa, em busca de referências que trouxessem esses valores, essas questões de seca, de água.
“Encontramos Varuna, que é o deus mar, o deus dos oceanos, que tem uma história que é a que a gente vai abordar agora, que conta a história que um dos marinas, que são os serviços dele, matam a mulher dele e roubam toda a água do universo, então já traz muito para a nossa história, para a nossa realidade”, ressaltou Rhandy.
Bruno Santos, diretor geral da Ciranda Sensação, enfatiza a importância de conhecer profundamente o tema que vai ser abordado pela ciranda antes de montar a apresentação. “Após o festival, começamos a planejar o próximo trabalho. Escolhemos o tema, muitas vezes visitando locais relevantes, como fez nossa coreógrafa Carla ao visitar uma aldeia indígena para entender os seus costumes. Os ensaios são intensos, principalmente nos fins de semana, para acomodar a agenda dos nossos brincantes que estudam ou trabalham”, conta.
Arleson Mota Sousa, coordenador da Ciranda Maravilha, destaca a herança cultural de seu grupo, nascido dentro da Escola de Samba Grande Família. “A Ciranda Maravilha nasceu dentro da Escola de Samba Grande Família, um dos fundadores da Ciranda é o nosso querido falecido Luizinho Andrade, então, o nosso preparativo começa em fevereiro, se o Carnaval for em fevereiro”, diz.
“Se o Carnaval for em março, começa em março e vai até abril, maio e junho, até o festival. Normalmente, os ensaios começam mesmo em março, mas reunião, definição de tema, já em novembro, dezembro, a gente já está definindo o tema. A Ciranda Maravilha não é só uma ciranda, é o folclore amazonense, o folclore de Manaus para manter acesa a chama do folclore”, defende Arleson.
Cada grupo traz consigo uma história rica em pesquisa, ensaios exaustivos e uma paixão inabalável pela cultura que se inicia meses antes da apresentação final. O público pode esperar apresentações deslumbrantes que celebram e se importam não apenas com a arte da dança, mas também com a rica herança cultural do folclore amazonense.
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